Coloquei uma
fotografia do meu pai (Manuel José de Magalhães Mexia Duarte Alves), no Facebook e tive tantos likes e comentários que me
senti na obrigação de responder desta forma:
Muito
obrigado a todos os que puseram like e a todos os comentários tão simpáticos,
tão queridos e tão sentidos de quem o conheceu bem.
Muito seguro
e discreto, fiel incondicional aos seus princípios, nunca se deixou levar por
modas, nem deixou de fazer o que entendia ser correto.
A minha mãe
diz que o meu pai era “a rock”.
Nunca o ouvi
dizer mal de ninguém, mas ouvi-o elogiar algumas pessoas.
“Má-língua”
não lhe interessava. Desviava logo a conversa dizendo “isso são lérias”.
O que mais
gostava era de estar com toda a família em Monte Real. No Natal chegávamos a
estar cerca de 100. Os irmãos divertiam-no imenso.
Profissionalmente,
penso que ética é a palavra que melhor o define.
As suas
notáveis qualidades não passavam despercebidas e antes de ter 30 anos já era
diretor geral da Covina.
Mais que o seu trabalho na direção da empresa e na construção de uma segunda fábrica sofisticadíssima, o que mais me marcou foi o seu envolvimento e forte empenho na construção do bairro social para os 1.200 trabalhadores da empresa.
Apesar de
grandes contratempos em 1975, nunca o vi a apontar o dedo a ninguém.
Explicava-me que era normal, que uma revolução era como uma barragem que
rebentava...
Quando foi
preciso, teve a coragem e o bom senso de emigrar para sustentar a família.
Custou-lhe horrores. Ao domingo costumava beber um cálice de aguardente de
Carvide, virado para Portugal e a ouvir cassetes do irmão dele Joaquim a cantar
fado.
Ao fim de
muitos anos conseguiu voltar para Portugal e mais uma vez a sua competência e
retidão, fizeram com que o seu lugar como um dos administradores da Empresa das
Águas do Areeiro, se mantivesse mesmo quando o meu pai já estava muito doente.
Estarei sempre muito grato ao Sr. Domingues Pérez, homem que o meu pai tanto
admirava.
E morreu. Muito cedo. Com 69 anos. Faz agora 14 anos.
A lotaria
genética fez com que esta alma e mais cinco, sejam o fruto do amor de um pai e
de uma mãe extraordinários. O seu exemplo foi o maior testemunho que nos
deixou.
Agradeço a
todos os que me acham parecido fisicamente com o meu pai. Quem me dera…
Às vezes
acho que tenho algo dele, mas como dizia Gabriel García Márquez: "Un
hombre sabe que está envejeciendo porque empieza a parecerse a su padre".
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